quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Gatonet da milícia de Jacarepaguá era controlado por carnê e tinha até SAC

Serviço tinha mais de 1.000 assinantes, com mensalidades de R$ 24.

DO: R7.




Segundo a polícia, central de gatonet era mantida por mais de 1.000 clientes na região



A milícia chefiada por um delegado aposentado da Polícia Federal, que controlava algumas regiões de Jacarepaguá, zona oeste do Rio, tem a organização como ponto forte. Um exemplo disso é a operação do serviço clandestino de TV por assinatura. Os mais de 1.000 clientes do serviço, têm carnê de pagamento, podem escolher a data do vencimento e contam com uma espécie de SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente).
Alguns carnês de pagamento foram apreendidos por policiais da 2ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar), órgão da Corregedoria da Polícia Militar, que encontraram uma central clandestina de TV por assinatura, durante uma operação nesta quarta-feira (24), no sub-bairro Santa Maria. O valor da mensalidade é de R$ 24. O número de um dos carnês, 1.104, denuncia a quantidade de clientes. Estima-se que a milícia local fature quase R$ 25 mil mensais só com o serviço de gatonet. Com todos os serviços prestados, a movimentação chega a R$ 200 mil.
De acordo com os carnês apreendidos, os clientes podiam escolher a data de vencimento do pagamento, nos dias 8, 18 ou 24. O documento tem nome e endereço de cada cliente, além de algumas observações, como pagamento de multa de R$ 1 por dia em caso de atraso superior a dez dias; caso o carnê seja perdido, é cobrada multa referente a uma mensalidade; e as mensalidades serão reajustadas de acordo com o reajuste anual do salário mínimo.
Há ainda a orientação de entrar em contato com cinco telefones disponíveis para casos de defeito no sistema, com dois números fixos e três celulares, para casos emergenciais. Os milicianos também pedem aos clientes para manter a sua mensalidade sempre em dia, como forma de garantir a qualidade da imagem.


carne
observações
A casa de dois andares onde funcionava a central clandestina, conhecida como gatonet, ficava na ladeira de Santa Maria. Ninguém foi preso. Segundo policiais da 2ª DPJM, as casas ficam em uma área de preservação ambiental dentro do parque da Pedra Branca. Muitos equipamentos usados para fornecer o sinal clandestino de TV por assinatura foram apreendidos.
Os policiais foram até o local após receberem informações sobre a presença de policiais militares envolvidos com a milícia, que conta com a participação de um comissário da Polícia Civil, de acordo com denúncia do Ministério Público.

Em julho do ano passado, a Justiça decretou a prisão de 16 pessoas ligadas ao grupo, entre elas um delegado aposentado, um comissário de polícia e um soldado da PM. Também fazem parte da quadrilha um guarda municipal e dois militares da Aeronáutica. Pelo menos 14 pessoas foram presas.
De acordo com as investigações da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), o grupo criminoso atua desde 1998 nas localidades da Pedra Branca, Santa Maria, Pau da Fome, estrada dos Teixeiras, estrada do Rio Pequeno e estrada do Rio Grande.
Entre as atividades da quadrilha estão: grilagem de terras; exploração de serviços como fornecimento de gás, sinal de TV a cabo, sinal de internet e transporte alternativo; agiotagem; cobrança de taxa por segurança, além de suspeita de homicídio e extorsão. Segundo os policiais, o grupo cobra até pelo fornecimento de água. Eles fazem manobras na rede e controlam o abastecimento.

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